Só uma palavra: Saudade – o Brasil que vive dentro de quem partiu

Um texto poético sobre a saudade de quem vive fora do Brasil. Entre cheiros, vozes e lembranças, mora o país que continua aceso dentro de cada brasileiro que partiu, mas nunca deixou de pertencer.

"Rodrigo sente saudade do Brasil profundo – Cultura do Brasil Oficial
"Rodrigo sente saudade do Brasil profundo – Cultura do Brasil Oficial

Só uma palavra: Saudade – o Brasil que vive dentro de quem partiu

Saudade não tem tradução.
É palavra inteira, mas também é pedaço.
É presença do que falta.

E pra quem vive fora do Brasil, ela deixa de ser apenas sentimento — vira morada.
A saudade passa a morar na mala, no cheiro de roupa guardada,
na música que toca de repente, no café que não tem gosto igual.

O que cabe dentro da palavra saudade

Quem partiu leva o Brasil no peito,
mas ele também pesa nos ombros,
arde no olho, aperta no domingo.

Se esse texto tocou sua memória, seu afeto ou seu amor pelo Brasil profundo,
compartilhe com quem carrega esse mesmo calor no peito.

Toque um dos botões abaixo e compartilhe essa chama com o mundo.

Saudade da língua que embala

A primeira saudade é da fala.
Do jeito que a gente diz “bom dia”, do “vixe” com susto, do “oxente” com espanto, do “eita” com riso.

Fora do Brasil, o português vira abrigo. Um abrigo raro. Às vezes distante.
Quando se escuta um “meu bem” ou um “minha flor” numa rua estrangeira, o coração estica o pescoço.
Quer ouvir mais. Quer voltar.

A língua materna é como colo:
não precisa traduzir pra entender.
Quem ouve um samba de raiz, uma moda de viola ou um repente nordestino lá fora,
sente algo que nem os dicionários alcançam.

Saudade da mesa de casa

Não é só da comida — é da mesa.
Da toalha de chita, do copo de requeijão, do feijão fumegando, da colher batendo na panela.

É do costume de perguntar “quer mais um pouquinho?”,
de servir o outro antes de si,
de deixar o melhor pedaço pra visita.

Lá fora, a comida pode até ser boa,
mas não tem memória.

O arroz com ovo vira banquete.
O pão francês é sonho distante.
E quando se encontra goiabada, farinha, paçoca, doce de figo da Vó Maria
dá vontade de chorar de barriga vazia e alma cheia.

Saudade do barulho bom

No Brasil, há barulhos que confortam.
O grito do vendedor de rua, o latido do cachorro solto,
o rádio ligado na cozinha, o samba vindo da casa vizinha.

Do lado de fora, o silêncio pesa.
A ordem estranha. O sem ritmo incomoda.
Falta bagunça, falta gente falando alto,
falta novela na televisão com panela batendo atrás.

A saudade também mora nos sons que não voltam.
No portão que bate, no vizinho que grita “bom dia”,
no anúncio da pamonha na bicicleta.

Saudade do toque e do olhar

Fora do Brasil, abraço vira luxo.
Beijo no rosto é mal-entendido.
O aperto de mão é frio.
O carinho fica contido.

E o brasileiro, feito de afeto, sente falta do calor humano que nem o sol europeu resolve.
É o calor que vem do gesto, do olhar demorado, do “fica mais um pouco”.

Lá fora, a pressa toma conta.
E o que falta não é só o Brasil,
é o tempo de ser brasileiro.

Saudade dos detalhes invisíveis

A sombra da mangueira no quintal.
A chaleira cantando antes do café.
O cheiro da chuva na terra seca.

O bar do bairro com cerveja no engradado.
A escola com lanche embrulhado no papel alumínio.
A vó com terço na mão.
O vizinho que fala demais.
O carteiro que sabe o nome de todo mundo.

Essas pequenas coisas, que pareciam sem importância,
viram relíquias na memória de quem partiu.

O Brasil que mora na mala

Quem vive fora aprende a carregar o Brasil com cuidado.
Uma camiseta do time do coração. Um CD antigo.
Um livro de cordel. Uma receita escrita à mão.
Um pacote de fubá escondido na bagagem.

Um “bom dia” dito com saudade.
Um samba que não se canta — se sente.

O Brasil vai na mala,
mas mora mesmo é no peito.
E não há ponte aérea que devolva esse pedaço deixado.

Saudade não se cura: se cultiva

Tem quem ache que saudade passa.
Mas ela não passa — ela aprende a ficar.
E quem vive fora, aprende a viver com ela.
A regar esse sentimento com memória, com afeto, com lembrança.

A fazer do tempo longe um tempo de raízes.

A saudade, quando bem tratada, vira jardim.
Jardim do Brasil.
Com cheiro de café, flor de ipê e chão de terra batida.

Imagens que nunca partem do coração

Quem vive fora do Brasil carrega um país dentro do peito.
Um país que fala alto, que canta junto,
que abraça com força, que cozinha com afeto.

E toda vez que a saudade aperta, esse Brasil reaparece —
no cheiro, no som, na lembrança.

O Brasil invisível que mora dentro de nós

Saudade é só uma palavra.
Mas dentro dela mora tudo o que nos faz ser quem somos.
E mesmo longe, mesmo do outro lado do mundo,
há sempre um Brasil aceso em cada brasileiro que lembra de casa.

Cada leitor é uma nova chama. Vamos acender mais fogueiras?

Se esse texto tocou sua memória, seu afeto ou seu amor pelo Brasil profundo,
compartilhe com quem carrega esse mesmo calor no peito.

Toque um dos botões abaixo e compartilhe essa chama com o mundo.

A Cultura do Brasil vive em cada partilha.
E é você quem ajuda essa fogueira a seguir acesa, firme e bonita.