Mães do Brasil: amor, perdão e memória
Celebre o Dia das Mães com um texto poético e profundo do Cultura do Brasil Oficial – CBO. Uma homenagem às mães do Brasil com saudade, reconciliação, memória afetiva


Mães do Brasil: amor, perdão e memória
Antes do presente, da flor, da homenagem... existe um tempo que pede acolhimento. Porque mãe também é silêncio, saudade e cura. Neste Dia das Mães, a fogueira do Cultura do Brasil Oficial – CBO acende palavras que abraçam: é tempo de amar, perdoar e ser perdoada.
Quando a memória aquece mais que o toque
Toda mãe é um mundo. Um mundo que cozinha, borda, consola e educa — com gesto, com olho, com ausência e com presença. Mãe é palavra que a gente sente mesmo quando não ouve mais.
Algumas estão aqui, com a voz firme e o café passado. Outras estão longe, e mesmo assim sabemos quando pensam na gente. E há aquelas que já partiram, mas continuam vivas em cada gesto que herdamos, cada frase que nos escapula da boca.
Há mães que ensinaram com doçura. Outras, com dureza. Há quem tenha recebido colo e quem só conheceu ausência. Mas em todos os casos, o nome "mãe" carrega algo que nenhum outro nome carrega: a origem do nosso primeiro afeto. Do nosso primeiro susto. Do nosso primeiro vínculo com o mundo.
Mãe é a primeira paisagem afetiva do corpo. É na pele dela que nossa pele aprende a sentir. É na voz dela que nossa audição entende o que é consolo. É no peito dela que o mundo começa a fazer sentido.
Neste Dia das Mães, o Cultura do Brasil Oficial – CBO convida você a celebrar o que não se compra: as memórias afetivas, a cultura viva e a chama que segue acesa em cada filho que carrega afeto no peito.
Homenagear às Marias, Teresinhas, Veras, Gabrielas, todos os nomes e apelidos carinhosos que conhecemos, mulheres de alma e luz.
As mães que moldaram o Brasil invisível
Em muitas cidades do interior, o Dia das Mães é mais que data: é rito. Começa nas escolas com bilhetes tortos e corações de papel. Continua nas cozinhas com bolo de milho, cheiro de lenha e silêncio respeitoso. Termina com oração, mesa posta e lembrança.
Essas mães não estão nas vitrines. Estão na beira do fogão. Na rede do quintal. No portão da escola. Nos bancos de madeira onde três gerações se sentam ao entardecer e contam “causos” sob o céu de maio.
Mãe do sertão, mãe do sul, mãe das águas, mãe do asfalto: todas sustentam um Brasil que nem sempre aparece, mas sempre sustenta. São elas que bordam o país por dentro. Que mantêm viva a mesa posta, o ritual do santo, a firmeza do conselho, a doçura no olhar.
São as mães que ensinam com o corpo cansado, com o silêncio que protege, com a paciência que a cidade já não tem. São elas que lavam, amassam, colhem e entregam — muitas vezes sem que ninguém veja. Mas quem sente, sabe. Quem teve, guarda. E quem perdeu, nunca esquece.
São também aquelas que criaram sem manual, que amaram com falhas, que cuidaram mesmo sem saber como. São mães de afeto, de improviso, de comunidade. Mães que foram avós. Mães que foram pais. Mães que foram rede, chão, raiz.
Quando mãe é ausência, mas também presença
Essa homenagem é para quem pode abraçar e para quem só pode lembrar. Para quem tem mãe, para quem é mãe, para quem perdeu, para quem ainda espera.
Mãe que partiu: você ainda borda nossos dias com lembrança e saudade.
Mãe que ficou distante: sua ausência ensina, mesmo sem querer.
Mãe que está aqui: sua presença é o chão firme onde seguimos.
E para quem não teve mãe presente, que este texto possa ser também abrigo. Porque muitas vezes, no vazio de uma ausência, nasce um outro tipo de amor: aquele que a gente constrói com o que faltou, com o que doeu, com o que a gente jurou fazer diferente.
Que neste domingo, cada um de nós possa lembrar com afeto, perdoar com coragem e amar com presença — mesmo que à distância. Que a lembrança não seja apenas dor, mas elo. Que a ausência não seja apenas falta, mas altar.
E que cada saudade vire oração. Que cada oração vire memória. Que cada memória acenda uma vela dentro do peito.
A força da maternidade na cultura popular
As mães do Brasil profundo não apenas geram filhos. Geram cultura. São elas que mantêm vivas as histórias, as rezas, as receitas, os saberes. São elas que guardam o nome das plantas, o tempo das colheitas, o ponto certo da massa, o jeito certo de benzer.
Na tradição indígena, embalam o futuro em cantigas. Na fé afro-brasileira, conduzem com axé e equilíbrio. Na vida ribeirinha, navegam e alimentam com um só gesto. Na roça, bordam panos com frases de avó e saudade.
Na literatura, inspiram resistência, doçura e memória. Em Carolina Maria de Jesus, são luta. Em Conceição Evaristo, são memória corporal. Em todas elas, são força e raiz.
Mãe é quem sustenta o que não está nos livros, mas precisa ser lembrado. É quem guarda a alma do Brasil profundo nos gestos diários. É quem faz da rotina um altar, da cozinha um templo, da palavra um fio que costura pertencimento.
Um presente que nasce da alma, não da loja
Hoje, muitos procuram por presentes afetivos, artesanais, com significado. Mas talvez o maior presente seja uma lembrança recontada. Um silêncio acolhido. Uma carta escrita à mão. Um pedido de desculpa sussurrado com verdade.
Dar presente é bonito. Mas estar presente é sagrado.
E estar presente nem sempre significa estar ao lado. Às vezes, é estar em pensamento, em prece, em cuidado. Estar presente é ouvir com os olhos. É fazer silêncio junto. É respeitar o tempo da outra.
Talvez o presente ideal seja voltar a dizer "mãe" como quem diz "obrigado". Ou dizer "me perdoa" como quem diz "ainda dá tempo". Talvez seja preparar aquele prato que ela fazia. Cantar aquela canção que ela gostava. Visitar aquele lugar onde a gente foi feliz.
Que este seja um dia de reconciliação. De novos começos. De pausa. De escuta. De afeto sem cobrança. Porque toda mãe já foi filha. E toda filha, um dia, será memória.
E se não puder haver abraço, que haja palavra. Se não puder haver palavra, que haja lembrança. Se não puder haver lembrança, que ao menos haja um suspiro de paz.
Cada leitor é uma nova chama. Vamos acender mais fogueiras?
Se esse texto tocou sua saudade, seu amor ou sua vontade de reconciliar, compartilhe com quem também carrega mãe no peito — de forma presente ou na lembrança.
A Cultura do Brasil Oficial – CBO vive em cada partilha. E é você quem ajuda essa fogueira a seguir acesa, firme e bonita.